A contratação por valores tem se difundido nos últimos anos no tecido empresarial a tal ponto que a grande maioria dos gestores de Recursos Humanos considera fundamental ou muito importante que os profissionais que ingressam na organização se encaixem, além do cargo e do seu superior, com os princípios que regem a empresa, segundo o relatório Tendências de RRHH, da Randstad.
Em concreto, o estudo mostra que 35% das organizações têm em conta as competências pessoais – para além das competências técnicas – para a selecção de pessoal e 44% afirmam que esta é uma informação decisiva na resolução final.
A importância da contratação por valores
O recrutamento baseado em valores é uma abordagem ao processo de seleção que se concentra nos ideais e crenças dos candidatos a emprego. Consiste “em escolher candidatos que estejam em sintonia com a filosofia e os valores da empresa (‘fit’ cultural ou ajuste cultural), facilitando um melhor encaixe e integração do candidato na empresa e vice-versa”, explica Grace Salazar em Seleção por Valores: Quando os seus valores são importantes ao escolher um emprego ou o melhor candidato.
Em outras palavras, o propósito da contratação por valores é procurar um aspirante que desenvolva um sentimento de vínculo com a empresa a ponto de “concordar com os objetivos e sentir-se parte das decisões que nela são tomadas”, diz Consuelo Garcia Ontivero no artigo Como funciona a contratação por valores e como ela pode ajudá-lo a reter o talento na sua empresa.
É verdade que a experiência prévia, a formação ou o conhecimento técnico são importantes, mas a atitude, a personalidade, as competências interpessoais e as crenças pessoais dos profissionais estão no centro dos processos de recrutamento, devido aos benefícios de ter trabalhadores alienados e comprometidos: maior satisfação no trabalho, desempenho superior, equipas motivadas, maior espírito empreendedor, redução da taxa de absentismo e de rotatividade de pessoal…
Assim, o estudo da Universidade de Iowa Consequences of Individuals’ Fit at Work argumenta que o recrutamento de funcionários que se adaptam bem à cultura e acreditam firmemente nos valores corporativos facilita a circulação de talentos através da organização, enquanto que outra pesquisa da Sociedade Americana de Psicologia afirma que uma das principais motivações que leva os trabalhadores a deixar as suas empresas é a falta de concordância entre os valores de ambos, um fato especialmente grave no caso da geração milenar, que procura uma maior união entre trabalho e compromisso social.
Técnicas de recrutamento baseadas nos valores
O que as empresas podem fazer para implementar esta abordagem de recrutamento? No recrutamento por valores, os recrutadores dispõem de diferentes instrumentos para avaliar a “compatibilidade” entre o candidato e a empresa:
- Entrevista por valores: dentro dos tipos de entrevistas, a entrevista por valores é desenvolvida de forma semelhante à entrevista por competências, mas focando a atenção na obtenção de informações que ajudem a determinar se o candidato a um emprego irá se sentir identificado e estará alinhado com os valores da empresa, como comenta Victor Candel em Entrevista por valores: Não se pode alcançar a excelência profissional sem valores.
- Questionários predefinidos. Existem diferentes testes de personalidade que também podem contribuir para decifrar a filosofia do possível trabalhador. Embora sejam menos flexíveis do que uma entrevista pessoal, estes questionários são simples e rápidos e podem fornecer uma ideia genérica dos valores do candidato. O Ikea, por exemplo, oferece um pequeno questionário no seu website para que os interessados em fazer parte da equipa possam avaliar antecipadamente se partilham os seus valores com a multinacional.
- Storytelling. Uma técnica de contratação baseada em valores utilizada pela consultora McKinsey que consiste em propor aos candidatos que contem uma história – real ou fictícia – sobre o sucesso do emprego, capacidade de superação, liderança, trabalho em equipa…
- Killer questions. Embora costumem despertar caras de surpresa nos participantes do processo de seleção, as ‘killer questions’ ajudam a entender melhor a personalidade e os valores dos profissionais através das suas reações.
- Role-playing. Outro instrumento utilizado no recrutamento por valores são as simulações gamificadas, em que os candidatos, sozinhos ou em grupo, têm de enfrentar um problema colocado pelo recrutador.
- Redes sociais. Dada a grande atividade que a maioria da população tem nas redes sociais, não é estranho que os gestores de RH também perguntem sobre profissionais que se candidatam a um cargo, visitando os seus perfis nas redes sociais, pois eles são uma rica fonte de informação a esse respeito.
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