David Miller, autor de diversos livros nos quais analisa o conteúdo de filmes e livros, na procura de fatores comuns entre eles. Miller determinou que um elemento chave das grandes histórias é o herói: Skywalter, Batman, James Bond, Harry Potter e muitos mais. Nestas histórias aparecia também os guias, sem os quais os nossos heróis não teriam sentido: Yoda, Alfred, M de Ian Fleming e Dumbledore.

Os heróis são sempre mais inteligentes, mais fortes, mais rápidos e bem parecidos. Miller diz que as organizações devem ser os guias que transformam o cliente em herói. A partir destas ideias, Zenger e Folkman iniciaram uma investigação para aplicar essa classificação, heróis ou guias, à sua constante procura de líderes eficazes. As histórias que lemos ou vemos apresentam formas de agir de pessoas, que influenciam de forma não consciente os leitores e/ou espetadores. Provocam um processo vigário de aprendizagem por imitação e identificação, já que se expõem como modelos de comportamento.

Guia: Como ser um bom líder de equipa?

Os líderes-herói são extremamente inteligentes e capazes de resolver problemas complexos. Geralmente descrevem-nos como independentes e, ocasionalmente, têm companheiros permanentes. Todos nós já encontramos algum chefe, que perante uma dificuldade grave da equipa com a qual desenvolvia um projeto, se isolava para resolver esse mesmo problema. Ao fim de um tempo, apresentava se com a solução, ou até mesmo reescrevia todo o projeto. A maioria dos líderes heróis não estão abertos aos comentários dos outros. São indivíduos de uma grande capacidade técnica, com critérios claros, fortemente orientados para a excelência, que têm uma visão clara do que há para fazer e da estratégia necessária. Fazem com que as mudanças sucedam rapidamente e têm uma grande coragem.

Líder Guia.

Os líderes-guia  são excelentes modelos a seguir, comunicam-se eficientemente e inspiram e dinamizam os outros. Estão preocupados com as necessidades do próximo, são profundamente confiantes e com um forte desejo de formar e desenvolver pessoas. Proporcionam um feedback eficaz e ficam satisfeitos em ajudar os demais para que estes desenvolvam as suas capacidades. Fomentam a cooperação e, com frequência, é lhes confiada a representação do grupo.

Heróis vs. Guias Quem são os mais eficazes?

Joe Folkman iniciou uma investigação para encontrar uma resposta adequada a esta pergunta. Analisou os dados das  avaliações 360º realizadas a mais de 70.000 líderes mundiais. Em primeiro lugar, criou um índice de 30 elementos que descreviam os dois tipos de líderes. A seguir, apresentou este instrumento a gerentes, colegas, colaboradores e outras relações com a finalidade de classificarem os líderes e poder identificar os líderes atribuídos a um tipo ou a outro. Com o intuito de destacar os dados de forma estatística, selecionou 26% da amostra total; desta forma poderia se obter uma clara diferença entre os distintos conceitos.

No gráfico 1 apresentam-se os resultados. O líder-guia obteve uma classificação comum para 48% do nosso grupo objetivo. 35% obteve uma classificação alta nas características de herói-guia. Somente 8% dos líderes eram puramente heróis. Os líderes restantes, 10%, não possuíam as características.

 

 

Impacto na eficácia da Liderança.

A maioria das pessoas considera que os mais eficazes são os heróis. Está unido ao seu carácter simbólico ao longo da história. Porém no quotidiano, tanto os guias como os guias-heróis superam os heróis em eficácia. Possivelmente a razão seja que os líderes heróis tem tendência para o individualismo, a liderar sozinhos, esperando que os outros mantenham o seu ritmo. Como era de supor os zero são os menos eficazes.


 

Tendências demográficas.

O próximo passo do Dr. Folkman foi examinar a repercussão das abordagens de liderança, objeto deste artigo, em  diferentes grupos demográficos.

1º Nível hierárquico.

O líder-herói estava presente em 15% dos altos cargos diretivos, mas só 3% em supervisores. Como era de esperar, os números aumentavam quando se analisavam os líderes-guia, 51% na alta direção e 44% nos supervisores. É evidente que uma grande percentagem dos altos cargos diretivos se vêm a si mesmos como heróis, mas o foco nos guias é o mais frequente. A maioria dos altos cargos diretivos dão se conta que precisam dos outros e que devem confiar nos seus colaboradores, já que assim não será muito complicado controlar a organização.

2º Género.

Somente 7% dos homens são aceites como heróis e 6% das mulheres; enquanto que 48% dos homens e 53% das mulheres eram guias.

3º Idade.

Explorou se as tendências destes conceitos com a idade dos líderes. A seguir, o Gráfico 3 mostra a percentagem de cada tipo de líder por grupos de idade. Observe que 55% dos líderes com uma idade inferior a 30 anos são o conceito combinado herói-guia. Porém, à medida que as pessoas envelhecem, os guias crescem 30%, enquanto que os heróis aumentam 9%. Desconhecemos se estas alterações ocorrem de forma consciente e deliberada, ou se inexoravelmente acontece com a maturidade e idade.


 

Implicações.

Os dados indicam com claridade que os zero são ineficazes. Não só a sua eficácia como líderes é percebida como baixa, mas também o nível de compromisso dos seus colaboradores está nos 38º. A liderança marca a diferença. Se é um zero, tente adaptar um dos dois conceitos, ou herói ou guia. Os heróis são mais eficazes que os zero com um nível de compromisso nos seus colaboradores de 67º. Contudo, os guia são mais eficazes que os heróis, com um nível de compromisso algo superior aos heróis, 69º.

Está claro que o conceito mais eficaz é o combinado de herói-guia. A sua eficácia de liderança está nos 95º e as pontuações de compromisso com os seus colaboradores estão nos 83º. Na base de dados de Zenger e Folkman encontram se entre os mais eficazes. Este conceito combinado dá como resultado um líder que tem coragem e está disposto a tomar decisões difíceis, assumindo riscos. Este líder pode ser direto e orientar para os resultados; mas também está preocupado com os outros e disposto a ouvir comentários e preocupações. Antes de tomar uma decisão, consulta os implicados na mesma e procura que os seus colaboradores vejam se como protagonistas, isto é, heróis.

Conclusão.

Quando pensar em heróis ou em guias, reflita com o qual se identifica mais. Considere bem se vale la pena ser um herói como James Bond, ou um guia como M, ambos foram mais eficazes quando trabalharam juntos. Ou seja, os líderes mais eficazes são aqueles que utilizam o conceito herói-guia.

 

New Call-to-action

    Write a comment