Desenvolver a cultura empresarial converteu-se no principal desafio das organizações. Assim o colocam diversos estudos, como 0 Global Human Capital Trends 2015, elaborado pela Deloitte, ou o  Global Culture & Change Management Survey, realizado por Strategy&, que indica que dois de cada três dirigentes assinalam a cultura empresarial como um fator mais importante que a estratégia ou o modelo operacional da companhia.

 
Cultura empresarial: concepto, tipos y componentes
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Podemos, portanto, afirmar que a cultura empresarial é um termo muito utilizado e valorizado na atualidade, mas a que é que nos estamos referindo quando falamos deste conceito? Para poder melhorar a cultura empresarial, o primeiro passo é conhecer em que consiste, quais são as suas funções dentro da organização e que elementos a conformam.

Conceito de cultura empresarial

A cultura empresarial pode ser definida como “o conjunto de normas, de valores e de formas de pensar que caracterizam o comportamento, posicionamento do pessoal em todos os níveis da empresa, o estilo de direção, a forma de alocar os recursos, a forma de organizar essa corporação, assim como a imagem da empresa”, segundo explicam Leyva Granados e Yuliana Azucena no seu trabalho Desenvolvimento de uma cultura empresarial contra o paradigma das agências publicitarias.
Neste sentido, a cultura empresarial recolhe o ADN da companhia, quer dizer, a personalidade da organização, refletindo as características que a distinguem das restantes entidades. Como aponta Stephen Robbins em Essentials of Organizational Behavior, a cultura empresarial “designa um sistema de significado comum entre os membros, que distingue uma organização de outra”; ou como sublinha Elena Granell em Êxito gerencial e cultura: desafios e oportunidades na Venezuela, trata-se “daquilo que partilham todos ou quase todos os integrantes de um grupo social (…), essa interação complexa dos grupos sociais de uma empresa que está determinada pelos valores, crenças, atitudes e condutas“.
Por seu lado, Idalberto Chiavenatto, autor de Introdução à teoria geral da administração, a cultura empresarial é “um processo planificado de modificações culturais e estruturais, que visualiza a institucionalização de uma série de tecnologias sociais, de tal maneira que a organização fique habilitada para diagnosticar, planificar e implementar essas modificações com a assistência de um consultor”.

Elementos da cultura empresarial

Para poder desenhar um modelo de cultura empresarial, os dirigentes devem ter em conta diversos elementos.
Neste sentido, Edgar Shein, na sua obra Organizational Culture and Leadership, estrutura – de um modo teórico – este pilar das companhias em três níveis:

  • As suposições inconscientes: referem-se às crenças e considerações que da empresa têm as pessoas, quer dizer, a forma como os demais vêm a companhia.
  • Os valores: incluem os princípios, normas e modelos que devem reger o comportamento dos membros da entidade.
  • Os artefactos: relativos aos resultados que consegue a organização através da sua ação.

Não obstante, a composição da cultura de empresa mais seguida na atualidade é a formulada por Stephen Robbins, que indica que este elemento organizacional está conformado por sete fatores que, combinados, dão lugar a esse ADN ou personalidade da companhia:

  • A autonomia individual: o nível de delegação, independência e participação que exista na organização.
  • A estrutura: as regras e normas que regem o funcionamento da organização e o grau de supervisão ou controlo que se exerça sobre o seu cumprimento.
  • O apoio: a maior ou menor relação interpessoal entre os superiores e os seus subordinados.
  • A identidade: trata-se do sentido de pertença, quer dizer, a forma como os membros da empresa concebem a mesma como um conjunto global, e não por áreas ou de forma individual.
  • O reconhecimento: o sistema de repartição dos prémios dentro da estrutura em função do desempenho.
  • A tolerância ao conflito: o modo que tenha a organização de enfrentar as possíveis controvérsias que possam surgir no seu seio.
  • A tolerância ao risco: segundo o espírito inovador e criativo que se implante na entidade.

Tipos de cultura empresarial

Seguindo com este último autor, a cultura empresarial pode-se classificar, em virtude do calado, em:

  • Forte: nestas companhias, os valores e normas estabelecidos são aceites e seguidos com firmeza e são tidos em conta durante a tomada de decisões em qualquer nível organizacional.
  • Débil: nestes casos, pelo contrário, os membros da entidade não assumem estes valores, mas antes concebem orientações impostas, sem que exista alinhamento entre capital humano e organização.

Junto a esta divisão, Jeffrey Sonnenfeld também propõe diferentes tipos de cultura empresarial em função dos critérios que se ofereçam à estrutura para a seguir:

  • Cultura de pontos fortes: está relacionada com a busca  de segurança no posto laboral, como ocorre nas PMEs.
  • Cultura de clube: neste caso, a antiguidade é um fator muito importante e assenta em critérios de compromisso e lealdade, como no Exército.
  • Cultura de academia: a capacidade técnica e os conhecimentos são valorizados mediante promoções e impulsiona-se um ambiente tranquilo e estável, como uma universidade.
  • Cultura de equipa de basebol: dá-se importância à capacidade de inovação e ao talento com incentivos pela produtividade.

Por seu lado, Terrence Deal e Allan Kenedy, em Corporate Cultures: The Rites and Rituals of Corporate Life, dividem a cultura empresarial segundo a origem da tensão e da resposta dada pelas equipas, diferenciando entre:

  • A cultura do processo: dá-se naquelas empresas que não assumem riscos e nas que há escasso feedback entre os seus integrantes, como pode ser uma entidade financeira ou um município.
  • A cultura do trabalho duro: fomenta-se a ação, já que há uma alta carga de trabalho, e o desenvolvimento colaborativo com uma retro-alimentação constante e imediata, como pode ocorrer num restaurante.
  • A cultura do macho/tipo duro: o risco nestas empresas é alto, buscando a imediatismo das ações, mas também dispõem dos conhecimentos para o enfrentar, com a possibilidade de que apareçam individualismos, como é o caso de empresas de investimento bolsista.
  • A cultura da excelência: produz-se também um alto risco, devido a que não se podem conhecer de forma imediata os resultados das ações, pelo que se baseia numa tomada de decisões sistemática e planificada, como numa empresa farmacêutica.

Por último, Gareth Jones, em Teoria organizacional e mudança, realiza a seguinte classificação:

  • Cultura profissional: em empresas que apostam por pessoal experiente e especializado, capaz de fazer frente a tarefas não rotineiras com frequência.
  • Cultura burocrática: regista uma grande complexidade das funções e adquire-se mão-de-obra especializada conforme se fazem mais laboriosas as tarefas.
  • Cultura de produção: utiliza tecnologia para estandardizar os postos laboras e, portanto, empregam pessoal menos qualificado.


 
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