Têm os homens preconceitos negativos quando avaliam as suas companheiras de trabalho?

Para arrojar alguma luz sobre este tema, Zenger & Folkman investigaram com dados de mais de 12.000 avaliadores, como os homens e as mulheres se classificam mutuamente nas avaliações de 360 graus. Numa avaliação de 360 graus as avaliações são anónimas (à exceção da do chefe) permitindo que as pessoas possam expressar as suas opiniões com total sinceridade. Destes avaliadores, 68% residiam nos EUA,  5% eram do Canadá, 10% da Europa, 7% da América do Sul e 10% da Ásia. Para este propósito, só se consideraram as avaliações daqueles avaliadores que tiveram a oportunidade de realizar avaliações a homens e mulheres. As pessoas avaliadas eram as mesmas, mas o sexo dos avaliadores era diferente. Na tabela seguinte detalha-se o tamanho da amostra.

Tenha em conta que neste estudo 95% dos avaliadores estavam em postos dirigentes. Isto é importante porque, quando se ocupam postos com mais poder e influência os comportamentos das pessoas podem mudar. Os avaliadores estavam em diferentes posições em relação às pessoas que estavam avaliando. 5% eram chefes, 44% colegas, 35% colaboradores diretos e 16% pertenciam à categoria “outros”. “Outros” inclui pessoas de outras organizações, ou que estão dois níveis mais abaixo da pessoa que avaliam, ou fornecedores externos, consultores ou clientes.

Há parcialidade nas classificações de homens e mulheres?

Sabemos pelas nossas prévias investigações, ao comparar a efetividade geral da liderança de líderes homens e mulheres, que as mulheres líderes eram ligeiramente melhor avaliadas que os seus homólogos masculinos. Ainda que a diferença fosse pequena era estatisticamente significativa.

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Voltando aos dados que agora analisamos, na tabela (simplificada) que se segue mostram-se os resultados das avaliações realizadas por avaliadores masculinos e femininos quando avaliam homens e mulheres. Pode-se apreciar que ambos os sexos classificam as líderes ligeiramente, mas não significativamente, melhor que os seus homólogos masculinos. A diferença entre homens e mulheres quando os avaliadores são mulheres é ligeiramente maior mas ainda não é significativa.

Homens e mulheres têm diferentes pontos fortes de liderança

Numa investigação anterior, descobrimos que as mulheres eram classificadas melhor em 13 de 16 competências, enquanto que os homens eram classificados melhor em duas competências. Agora, nesta investigação encontramos que as mulheres são classificadas melhor em sete competências. As sete são consistentes com o que encontramos na nossa investigação prévia, enquanto que as seis restantes são também firmes com a dita investigação, mas não estatisticamente diferentes. Repare que, em cada uma das sete competências as mulheres são melhor classificadas tanto pelos avaliadores como pelas avaliadoras. Encontramos uma diferença interessante: os avaliadores masculinos classificam as mulheres significativamente melhor na sua capacidade de inspirar e motivar, mas para as avaliadoras a diferença não chega a ser significativa. Quando vemos os resultados encontramos um item que mostra uma grande diferença entre como os homens e as mulheres o avaliam: “Tem coragem de fazer as mudanças que melhorarão a organização. Entre os avaliadores, as mulheres foram um pouco melhor avaliadas, mas para as avaliadoras, as mulheres foram significativamente melhor avaliadas. Dos 49 itens avaliados, este foi o único no que observamos que os avaliadores masculinos diferem das avaliadoras, mostrando um ligeiro preconceito potencial.
As últimas duas competências da tabela, Experiência técnica/profissional e Perspetiva estratégica, alcançaram uma pontuação significativamente mais alta nos homens quando os avaliadores eram homens. Isto é consistente com a nossa investigação prévia. As avaliadoras também avaliaram melhor os homens, ainda que a diferença não fosse estatisticamente significativa no nível 0.05.

E os colegas?

Na nossa base de dados global, sabemos que os pares ou colegas tendem a ser o grupo avaliador mais negativo, possivelmente devido a uma tendência a verem-se a si próprios como competidores com o par que classificam. As classificações de colegas masculinos ou femininos mostrariam algum preconceito de género? Depois de ver os resultados dos pares, encontramos que os dados são extremamente consistentes com as conclusões gerais. Enquanto que não existe uma diferença significativa entre a classificação da efetividade geral  e a forma como os pares masculinos classificam os seus homólogos masculinos e femininos, tendem a classificar as mulheres um pouco melhor. As avaliadoras fazem o mesmo, mas a diferença entre homens e mulheres é menor.

Conclusão

Para nós está bastante claro que os avaliadores masculinos e femininos são muito consistentes na forma como classificam os seus colegas masculinos e femininos. Se bem que se dão algumas inconsistências que poderiam conotar algum preconceito, são  bem mais exceções.
Há uma série de estudos sobre o preconceito masculino e feminino que sugerem a existência de um preconceito masculino negativo em relação às mulheres. Muitos destes estudos realizaram-se em universidades e incluem experiências em que os estudantes avaliam os professores.
Outros estudos que mostram um preconceito incluem avaliar o comportamento de um empregado numa situação dada e logo mudar o género da pessoa que se avalia. Os curriculum de classificações de trabalhos com nomes masculinos e femininos mostram um preconceito negativo em relação às mulheres. Em todas as provas fica claro que existe um preconceito negativo em relação às mulheres em muitas circunstancias.
A diferença entre esses estudos e os nossos é que os avaliadores nos nossos estudos não classificam um hipotético homem ou mulher, mas estão avaliando uma pessoa que conhecem muito bem com a qual têm relação e com a qual trabalham ombro a ombro todos os dias.
Mas existem preconceitos inclusivamente se se conhece bem uma pessoa? O nosso propósito ao mostrar esta informação não é afirmar que o preconceito de género não existe, mas sim demonstrar que as relações pessoais o superam em grande parte. A boa notícia para qualquer pessoa que sinta que há um preconceito contra si é que ao estabelecer relações com os outros e fazer um excelente trabalho, o preconceito geralmente dissipa-se.
Os investigadores são muitas vezes relutantes a publicar este tipo de resultados, se não há grandes diferenças para informar, há menos dramatismo e ruído. Sem embargo, os dados que apresentamos contam uma história importante. É uma evidência que os estereótipos e suposições dominantes sobre os preconceitos masculinos e femininos não são sempre certos no local de trabalho, de facto, a ausência geral de diferenças nos comentários dos avaliadores masculinos e femininos nas avaliações de 360 ​​graus carrega uma mensagem extremamente importante.

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